AROS DE SUSTENTAÇÃO

Os aros de sustentação trazem bastante conforto e segurança a mulher moderna, além de serem um elemento poderoso de valorização dos corpos femininos, suas silhuetas e criam novos arranjos e disposições autênticas para peças convencionais. Rompendo com qualquer possibilidade de reducionismos, os aros de sustentações não compõem somente as peças de beachwear e moda íntima, como também integram modelagens de looks ousados para mulheres poderosas, mas nem sempre foi assim. Vem com a gente que vamos te levar em uma viagem no tempo pela trajetória da moda intima feminina e suas transformações até se tornar um importante símbolo de libertação feminina. 

IDADE MÉDIA: CORSETS E ESPARTILHOS- SUBORDINAÇÃO

Durante a idade média, os modelos medievais de moda íntima tinham o objetivo de modelar o corpo, elevar os seios e construir a silhueta de acordo com os padrões da época. Os modelos eram bastante desconfortáveis, onde a sustentação estava nos quadris e atrapalhavam a mobilidade, causavam prejuízos à saúde das mulheres da época e não eram nada democráticos. Apesar de tantas desvantagens, este modelo esteve presente por muitas décadas na vida das mulheres, causando dores nas costas, quadris, dificuldades respiratórias e reafirmando todas as opressões impostas ao feminino. Como um importante reflexo da mentalidade e comportamentos da época, onde o espaço de participação da mulher na sociedade era limitado, seus corpos eram castrados e seus movimentos podados, as peças de moda íntima tiveram importante relação com o levante feminista que veio a acontecer alguns séculos depois. O corpo da mulher respondia às demandas e interesses de terceiros, dos padrões da época e à figura contida da mulher. 

Como uma peça que sobreviveu a longos períodos históricos, os espartilhos e corsets não permaneceram intactos ao tempo. Diversas variações de modelagens, tecidos e amarrações repaginaram a peça para tentar fazer com que ela fosse o mais adaptável possível ao momento e contexto em que estava inserido, mesmo que nunca tivesse contemplado plenamente o feminino e seus arranjos sempre imobilizaram os movimentos do feminino. Uma curiosidade importante é que o fim dos espartilhos pode ser considerado na Primeira Guerra Mundial. Com os homens na guerra, as mulheres precisaram participar de outros espaços, contribuindo mais ativamente para seu sustento, e participando dos espaços de trabalho operário no campo, nas fábricas e nas cidades, exigindo roupas mais confortável e com maior mobilidade, o que convocou uma transformação nos modelos até então consagrados, com espartilhos cada vez menores que gradativamente se tornavam cintas. 

As cintas, porém, não ofereciam sustentação aos seios o que levou o desenvolvimento do primeiro sutiã. 

Mesmo não sendo mais o principal elemento de moda íntima, os espartilhos retornaram às tendências com o fetichismo como moda e foram revividos estilistas conceituados como Gianni Versace e Jean-Paul Gaultier que sugeriam seu uso não mais como roupa de baixo, mas por cima. 

IDADE MODERNA: OS PRIMEIROS SUTIÃS-LIBERTAÇÃO

A francesa Herminie Cadolle foi uma mulher à frente do seu tempo! Em 1898, Herminie criou uma nova possibilidade de silhueta feminina: uma silhueta mais livre! Apesar de uma adaptação dos corsets, criando um espartilho híbrido, a sustentação estava nas alças. A francesa também foi a primeira a usar tecidos elásticos para peças de moda íntima. Herminie só não se atentou a patentear a marca, o que fez com que esse não fosse oficialmente o primeiro sutiã criado ): Uma pena, né? 

A norte americana Mary Phelps Jacob, porém, não teve o mesmo azar e criou um modelo cuja sustentação também estava nas alças, com fitas e lenços de seda que foi patenteado como o primeiro modelo de sutiã. A partir daí, novos modelos de sutiãs foram criados e ganharam o protagonismo na escolha de moda íntima feminina. Os sutiãs com bojo e aro de sustentação surgiram um tempo depois, como uma adaptação da peça criada pela Mary Phelps e o efeito push up ganhou destaque como o modelo mais querido até os dias atuais. Essa transformação convocou uma mulher moderna a ressignificar os elementos presentes no seu dia a dia e que não somente criou novos espaços de participação da sociedade, como novos símbolos para seus corpos e seu desejo. Como uma alternativa democrática, as transformações e diferentes modelos desenvolvidos ao longo do tempo aumentaram as possibilidades de contemplar a complexidade dos variados corpos femininos e não mais restringi-los a uma estética uniformizadora que não abre espaço para alteridade. 

CONTEMPORANEIDADE: BEACHWEAR E LINGERIES-CRIATIVIDADE

Com o surgimento de tantas possibilidades, os modelos meia taças, tops, cobertura total e push ups romperam os limites da moda íntima e revolucionaram a moda praia com tantas estampas, modelagens, tecidos.

TRANSFORMAÇÃO: MADONNA E O SUTIÂ DE CONE-OUSADIA

Os aros de sustentação foram uma revolução nos conceitos já cristalizados dos modelos consagrados, confirmando que o que as mulheres esperam da moda é ciclicidade e adaptações que contemplem plenamente a beleza e complexidade de seus corpos. Na década de 90, Madonna foi febre ao aparecer com um corset e sutiã de cone assinado pelo estilista Jean Paul Gaultier na turnê Blondie Ambition. Este look não somente revolucionou os conceitos sobre as mulheres da época, mostrando que o que as mulheres desejam é poder, como também inspirou looks de outras divas como Katy Perry com seu sutiã de cone spray de chantilly em seu clipe California Girls ou Lady Gaga com sua versão que soltava faíscas.